Rotas dos Azulejos - Travessia Ferroviária Norte-Sul
Pensado, ainda antes do final do século XIX, para ligar as Linhas do Norte e do Sul através de uma travessia rodoferroviária a localizar em Lisboa, o Eixo Ferroviário Norte-Sul da Região de Lisboa (EFNS) arrancou, definitivamente, no final de 1994, com a constituição, no seio do Gabinete do Nó Ferroviário de Lisboa (GNFL), de uma Unidade de Implemen- tação do Projeto (UIP), com a missão de planear, conceber e executar a infraestrutura e superestrutura ferroviárias em ambas as margens do Tejo, assim como tratar da concessão da exploração e da aquisição do material circulante, e com a constituição do Gabinete de Gestão das Obras de Instalação do Caminho-de-Ferro na Ponte sobre o Tejo em Lisboa (GECAF), com a missão de tratar da instalação da ferrovia na Ponte 25 de Abril. A decisão de avançar com o investimento público para a concretização do EFNS surge na sequência da tentativa, não sucedida, por ter sido considerada inviável pelo Estado, de recurso à iniciativa privada para a conceção, construção, financiamento, manutenção e exploração da ligação ferroviária norte-sul, através da Ponte 25 de Abril, em regime de concessão, na sequência do concurso público aprovado em 1992 – a primeira Parceria Público-Privada lançada em Portugal. Os objetivos do EFNS podem ser analisados em três vertentes: - A nível urbano e periurbano, visando servir a procura pendular da população residente na margem sul do Tejo, na sua deslocação diária para os locais de trabalho situados na capital, e, também, a procura que se desloca no interior do meio urbano e de correspondência entre os vários sistemas de transporte; - A nível regional, visando contribuir para o desenvolvimento socioeconómico da península de Setúbal, através da nova acessibilidade criada e da inerente redução dos tempos de viagem entre os principais centros urbanos dessa península e Lisboa; - A nível nacional, visando melhorar, significativa- mente, a estrutura da Rede Ferroviária Nacional, através da materialização da ligação entre as linhas a norte e a sul do Tejo na zona de Lisboa, viabilizando as ligações ferroviárias de médio e longo alcance. A primeira fase do EFNS, entre o Terminal Técnico de Chelas e o Parque de Material Circulante de Coina, com uma extensão total de 27 km, foi inaugurada em 29 de julho de 1999, tendo implicado a realização de obras de grande dimensão e complexidade sem paralelo desde 1940, ano em que a rede ferroviária portuguesa atingiu o seu apogeu, com mais de 3.500 km de extensão, e, mais recentemente, desde 1991, ano em que foi concluída a duplicação da Linha do Norte, iniciada em 1890. Algum tempo antes, em novembro de 1998, já havia sido realizada uma primeira viagem, entre o Parque de Material Circulante de Coina e Entrecampos, com o Primeiro-Ministro Eng. António Guterres a bordo. Com toda a certeza, a obra mais complexa realizada para o estabelecimento do EFNS foi a instalação da via-férrea na Ponte 25 de Abril, uma vez que, apesar de já se encontrar prevista desde a sua construção, ocorrida entre 1962 e 1966, implicou a construção de um tabuleiro ferroviário inferior e o reforço estrutural da ponte, para suportar as cargas ferroviárias das composições “double-deck” e, também, o alargamento do tabuleiro rodoviário, obra que foi iniciada em 24 de janeiro de 1996. Nesta Fase 1, na margem norte, foi construído o Terminal Técnico de Chelas, quadruplicada a Linha de Cintura daí até Campolide, implicando a construção dos Viadutos de Entrecampos e Sete Rios, para atravessamento das Avenidas da República e 5 de Outubro e da Avenida Columbano Bordalo Pinheiro e as Ruas de Campolide e Professor Lima Bastos, respetivamente, construída uma via dupla entre Campolide e o viaduto de acesso norte à Ponte 25 de Abril, implicando a execução de diversas obras de arte de elevada complexidade para atravessamento do Vale de Alcântara, requalificadas as Estações de Roma-Areeiro, Entrecampos, Sete Rios e Campolide, devidamente dotadas de interfaces multimodais, e construída a Estação Técnica do Alvito. Na margem sul, foi prolongado, em 283 metros, o Túnel do Pragal, que havia sido inicialmente construído, durante a edificação da Ponte, com uma extensão de 620 metros, construída uma via dupla entre o Túnel do Pragal e Coina, implicando a execução de diversos viadutos e do Túnel do Feijó, a construção do Parque de Material Circulante de Coina e a construção de novas Estações no Pragal, Corroios, Foros de Amora e Fogueteiro, todas com interface com o Metro Sul do Tejo. A operação comercial do EFNS, ligando as Estações de Entrecampos e Fogueteiro, foi iniciada, na data da sua inauguração, pela Fertagus, o primeiro operador ferroviário privado em Portugal desde o fim da concessão, em 1976, da Linha de Cascais, atribuída à Sociedade Estoril, em 1908. Em janeiro de 2003, foi provisoriamente inaugurado o troço entre Coina e Pinhal Novo, correspondente à Fase 2, concretizando-se, assim, o desiderato da ligação entre as margens norte e sul do Tejo por caminho-de-ferro através da Ponte 25 de Abril, tendo as obras terminado, em abril de 2004, com a instalação da eletrificação e da sinalização eletrónica. A implementação da Fase 2 do EFNS, que concretizou a ligação à Linha do Sul no Pinhal Novo, envolveu, num primeiro momento, a construção de uma via única eletrificada entre Penalva e Pinhal Novo, para serviço à Autoeuropa, e, de seguida, a construção do Ramal da Siderurgia Nacional, a construção de 7 km de via dupla entre o Parque de Material Circulante de Coina e Penalva, implicando a construção do Túnel de Penalva, a duplicação do troço entre Penalva e Pinhal Novo e a construção de novas Estações em Coina e Penalva, assim como a requalificação das Estações de Pinhal Novo, Venda do Alcaide e Palmela. Na implementação do EFNS não foi descurada a vertente artística, visando a humanização dos espaços das estações, tendo as mesmas sido enriquecidas com intervenções plásticas da autoria de reputados artistas portugueses, nomeadamente peças esculturais e painéis de azulejos. Travessia Ferroviária Norte-Sul 8
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