“Transporte de mercadorias terá ganhos de competitividade e capacidade”

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  • Carlos Fernandes - APLOG

A declaração é de Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, na sua intervenção sobre o desenvolvimento e modernização das Redes Rodoviária e Ferroviária, no Congresso da APLOG - “Da Resiliência à Recuperação”. 

Realizou-se nos dias 9 e 10 de novembro, no PT Meeting Center - Parque das Nações, em Lisboa, o 23º Congresso da Associação Portuguesa de Logística – APLOG, este ano subordinado ao tema “Da Resiliência à Recuperação”. 

Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), foi um dos convidados do evento, tendo abordado a temática do desenvolvimento e modernização das Redes Rodoviária e Ferroviária, e a sua importância para a competitividade do Transporte de Mercadorias.

Na sua intervenção, o responsável começou por salientar os dados que colocam “Portugal na 2.ª posição do ranking europeu e o 5º lugar a nível mundial, relativamente à qualidade rodoviária, fazendo com que os futuros investimentos sejam apenas pontuais e de ligação às redes estruturantes”.  

Em termos de ferrovia, Carlos Fernandes esclareceu que “Portugal está ligeiramente abaixo da média europeia, havendo por isso necessidade concretizar diversos investimentos significativos, investimentos esses que já estão a ser executados de acordo com o Programa Ferrovia 2020, que visa, essencialmente, melhorar a rede numa perspetiva de funcionamento para transporte de mercadorias”. 

Com um investimento em cerca de 1.000 quilómetros de linha – 40% da rede ferroviária nacional – suportado por 2.000 milhões de euros, metade dos quais com o apoio de fundos da União Europeia, “o Ferrovia 2020 centra-se essencialmente nas ligações internacionais – Linha do Minho, Linha da Beira Alta e Corredor Internacional Sul – existindo ainda um conjunto de intervenções em outras linhas – Oeste, Douro e Algarve”, explicou.  

Neste âmbito, à data, o plano de investimento está “totalmente no terreno, com cerca 15% dos empreendimentos concluídos, 57% em obra, 11% em fase final de contratação de obra”, frisou.

Carlos Fernandes deu nota de que estes investimentos “possibilitarão ganhos de competitividade entre 30% a 50%, duplicando a capacidade de transporte - no final da implementação do Programa seria possível transferir da rodovia para a ferrovia toda a mercadoria que sai para Espanha e resto da Europa – e uma redução de custos, sendo que no caso do Corredor Internacional Sul esse decréscimo poderá chegar aos 50%”.

“Vamos avançar significativamente na eletrificação da rede, passando de 65% para 85%, serão instalados sistemas de sinalização compatíveis com a Europa, em cerca de 30 % da rede, e permitir que no final do Ferrovia 2020, em todos os eixos principais, possam circular comboios com 750 metros”, afirmou o responsável.


PNI2030 – “10 mil milhões de euros estarão alocados à ferrovia”


Sobre o Programa Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030), o vice presidente da IP destacou que “10 mil milhões de euros estarão alocados à ferrovia”, visando a resolução de alguns dos principais constrangimentos da rede, sendo o principal a Linha do Norte, “que já não tem capacidade para mais comboios”, uma vez que ali circulam mais de 700 por dia, “com tráfegos muitos distintos”, dando nota de que os tempos de percurso “não são competitivos comparando com o que é oferecido por avião, autocarro, ou carro”.

Assim, será construída a nova linha de alta velocidade entre Lisboa e o Porto - para transporte de passageiros - “que permitirá segmentar uma parte importante da circulação ferroviária, deixando mais capacidade na Linha do Norte para o conjunto de outros tráfegos”. No mesmo sentido, far-se-á na próxima década um “importante investimento na eletrificação de praticamente toda a rede, bem como a instalação de sinalização eletrónica”. O reforço de “terminais rodoferroviários e uma nova linha de alta velocidade entre Porto e Vigo (Espanha), são outros dos investimentos mais relevantes”, esclareceu o dirigente.

No encerramento da sua intervenção, Carlos Fernandes clarificou que em termos rodoviários “os investimentos são pontuais, em pouco mais de 1% da rede rodoviária, mas muito importantes ao nível do Plano de Recuperação e Resiliência, que prevê 38 projetos, 27 dos quais da responsabilidade da IP, estando todos já em marcha, seis dos quais já se encontram em fase de obra”.